Ao descobrir uma gravidez, um dos primeiros passos é procurar um obstetra. No entanto, o que muitas pessoas não sabem é que a saúde bucal precisa de atenção especial nesse período, pois pode interferir na saúde do bebê que está sendo gerado. O “Pré-natal Odontológico” ou “Odontologia Intrauterina”, objetiva tratar e prevenir doenças bucais da gestante, além de orientá-las sobre os cuidados que serão necessários com o bebê.
Alterações hormonais, microbianas e metabólicas típicas acontecem nesse período, favorecendo o aparecimento de infecções periodontais (gengivais), que podem estar associadas à algumas complicações obstetrícias, como o parto prematuro e a pré-eclâmpsia. Não podemos dizer que a infecção periodontal causa qualquer complicação, mas sim que é um fator de risco.
O recomendado é que sejam feitas visitas ao dentista antes da gravidez para que possíveis problemas já existentes sejam tratados e que durante a gestação, consultas sejam realizadas com periodicidade específica para cada caso. No entanto, se alguma doença bucal for detectada durante a gestação, é imprescindível o tratamento urgencial. Quando não for urgente, o segundo trimestre é mais tranquilo para o atendimento.
À medida que a gestação evolui, preferencialmente no terceiro trimestre, é hora de começar a esclarecer dúvidas a respeito da saúde bucal do bebê. Algumas informações são fundamentais.
A lei Nº13.002/14 exige que todos os bebês nascidos em maternidades brasileiras recebam o “Teste da Linguinha”, cujo objetivo é avaliar se a língua têm mobilidade necessária para exercer suas funções: sucção, deglutição, mastigação e fonação. O odontopediatra, além do médico pediatra, possui conhecimento específico para a realização da cirurgia do freio lingual quando necessário, e o procedimento pode ser feito em consultório odontológico com a utilização de anestésico local.
Quanto à higienização oral antes da erupção do primeiro dente, se a alimentação for exclusivamente aleitamento materno, não é necessário limpar a mucosa após todas as mamadas, já que no leite materno estão presentes importantes imunoglobulinas que são fundamentais para otimizar o sistema imunológico.
Quanto ao uso da chupeta, ela deve ser evitada, entretanto se for usada da forma correta, têm suas utilidades. Segundo associações internacionais de pediatria médica, seu uso exclusivo durante o sono pode diminuir as chances da Síndrome da Morte Súbita do Lactente que acontece entre 0 e 1 ano de idade. Ao despertar, ela deve ser imediatamente removida. Por outro lado, apesar de existirem dúvidas, sugere-se que a chupeta não seja usada no 1o mês de vida, para que o estímulo ao aleitamento materno não seja diminuído. O uso inadequado na sucção de chupeta pode acarretar alterações de formação ósseas e musculares irreparáveis.
Após o nascimento do bebê, o ideal é que seja feita a primeira visita ao dentista até o primeiro semestre de vida, ou seja, antes que os dentes comecem a erupcionar. Nesse momento será avaliada a cavidade oral de uma forma geral e corretas instruções de higiene serão fornecidas, além de esclarecimento de eventuais dúvidas que não foram fornecidas ou esclarecidas anteriormente.
Ao erupcionar o primeiro dente, deve ser iniciada a escovação com dentifrício fluoretado acima de 1000ppm de flúor, duas vezes ao dia (as outras escovações podem ser com dentifrício sem flúor). O flúor é um medicamento, portanto deve ser utilizado com cautela, sempre junto de um responsável. Preconiza-se “meio gão de ervilha” para crianças de até 3 anos de idade e “um grão de ervilha” para crianças com mais de 3 anos. Mesmo que essa dose seja totalmente deglutida, não sera tóxica. Se a criança precisar levar dentifrício para a escola, recomenda-se sem flúor, pois não há como os pais terem controle da quantidade que será utilizada. Até os 8 anos de idade, o ideal é que pelo menos uma das escovações do dia, seja feita por um responsável.
As informações aqui publicadas não substituem a consulta presencial com o seu dentista pediátrico, por isso agende já sua consulta!